domingo, 31 de janeiro de 2010

Coisas Simples da vida


Um olhar

Um gesto

Uma flor

Enterrada no peito

de quem sabe do que se lembrar.

Um sorriso infantil

um abraço sincero

E o sentimento de que

Tudo esta no lugar.

Por acaso a porta

Nao me lembrei de fechar

Entao, que seja bem-vindo

Quem quiser entrar.

Autoria propria.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010


POÉTICA


De manhã escureço

De dia tardo

De tarde anoiteço

De noite ardo.

A oeste a morte

Contra quem vivo

Do sul cativo

O oeste é meu norte.

Outros que contem

Passo por passo:

Eu morro ontem

Nasço amanhã

Ando onde há espaço:

- Meu tempo é quando.

domingo, 24 de janeiro de 2010

Poemas






Exponho aqui outro poema do Vinicius de Moraes extraído de um dos livros que ele escreveu:











Poema Enjoadinho


Filhos... Filhos?

Melhor não tê-los!Mas se não os temos

Como sabê-lo? Se não os temos

Que de consulta

Quanto silêncio

Como os queremos!

Banho de mar

Diz que é um porrete...

Cônjuge voa

Transpõe o espaço

Engole água

Fica salgada

Se iodifica

Depois, que boa

Que morenaço

Que a esposa fica!

Resultado: filho.

E então começa

A aporrinhação:

Cocô está branco

Cocô está preto

Bebe amoníaco

Comeu botão.

Filhos? Filhos

Melhor não tê-los

Noites de insônia

Cãs prematuras

Prantos convulsos

Meu Deus, salvai-o!

Filhos são o demo

Melhor não tê-los... Mas se não os temos

Como sabê-los?

Como saber

Que macieza

Nos seus cabelos

Que cheiro morno

Na sua carne

Que gosto doce

Na sua boca!

Chupam gilete

Bebem shampoo

Ateiam fogo

No quarteirão

Porém, que coisa

Que coisa louca

Que coisa linda

Que os filhos são!


sábado, 23 de janeiro de 2010


Flores

Classificadas como plantas como angiopérmicas da divisão magnoliophyta, sua função é assegurar a reprodução da espécie e ser um atrativo polínico, mediar a união dos esporos masculino (micrósporo) e feminino (megásporo) no processo de polinização.
Mais do que um fator determinante para a continuidade da sua espécie, uma vez bem apreciadas, as flores são plantas cuja beleza é inatingível. Finas, delicadas, singelas, mas com um toque de ousadia, elas representam toda uma vida da planta. Atrevo-me a dizer que grande parte das flores são basicamente a parte funcional das plantas, de forma que tomam para si a responsabilidade da procriação e do desenvolvimento fisiológico.
Assim, pode-se dizer também que além de toda a beleza lírica, as flores, indiscutivelmente devem ser adimiradas por toda a sua experiência e maturidade.
Exponho aqui as de minha pereferência:

Orquideas

Conta-se que a rainha de Sabá, (há cerca de 3.000 anos) estava sem saber como presentear o Rei Salomão. Uma criada lhe ensinou; “Ao maior dos reis, leve um feixe de orquídeas”. Também desde a Antiguidade, é utilizada nas festas da primavera, na China, para afastar as influências negativas.É a planta mais diversificada do planeta.





Lírio

Nome científico: Hemerocallis. É originário da China e Japão. Depois da rosa, é a flor mais utilizada na literatura e nas artes. Segundo a mitologia grega, quando Hera amamentava seu filho Hércules, algumas gotas de seu leite derramaram-se no céu e formaram a Via-Láctea; as que caíram sobre a terra transfornaram-se em lírios. Para os cristãos, o lírio representa a Virgem Maria. No folclore brasileiro, o lírio branco representa o casamento e, nos funerais, significa a purificação da alma.



Rosa
É certamente a flor mais conhecida do mundo e considerada como a rainha das flores. O seu cultivo remonta à Antigüidade, mas não se sabe exatamente quando ou onde as primeiras rosas foram cultivadas.

Sua beleza e perfume simbolizam o amor, e seus espinhos, o sofrimento que ele pode causar. No Egito, era dedicada à deusa Ísis e, na Grécia, a Afrodite.
Margarida
Nome científico: Chrysanthemum leucanthemum. É originária de Pirineus (Europa Central). Na mitologia romana, a ninfa Belides transformou-se nesta flor para escapar do assédio do deus da vegetação e das árvores frutíferas.Conta uma lenda inglesa que uma fada alimentava um príncipe com comidas preparadas com esta flor para que ele nunca crescesse e nem
perdesse a inocência infantil.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Poemas

Possuo um amor inacessivel e declarado por Vinicius de Moraes. Desde a primeira vez que li seus poemas, me vi perdidamente encantada por suas palavras tão doces, atrozes, finas e ousadas.

Lembro-me que o primeiro poema que li foi "Receita de mulher". Ao passo que ia decifrando as letras, as palavras que se formavam tornavam-se uma espécie de mel embriagante (como ele mesmo cita no poema) que nao deixava livrar-me daquela atividade.

Era como se eu houvesse encontrado um oásis no meio do deserto urbano. No meio de tantas pessoas e tanta informação fui eu, achar logo em um pequeno livro de poemas o encanto, a magia e o amor sensivel que só os amantes das palavras entendem.

Compartilho aqui entao, este poema:

Receita de mulher

As muito feias que me perdoem mas beleza é fundamental. É preciso que haja qualquer coisa de flor em tudo isso qualquer coisa de dança, qualquer coisa de haute couture em tudo isso (ou então que a mulher se socialize elegantemente em azul, como na República Popular Chinesa). Não há meio-termo possível. É preciso que tudo isso seja belo. É preciso que súbito tenha-se a impressão de ver uma garça apenas pousada e que um rosto adquira de vez em quando essa cor só encontrável no terceiro minuto da aurora. É preciso que tudo isso seja sem ser, mas que se reflita e desabroche no olhar dos homens. É preciso, é absolutamente preciso que seja tudo belo e inesperado. É preciso que umas pálpebras cerradas lembrem um verso de Éluard e que se acaricie nuns braços alguma coisa além da carne: que se os toque como no âmbar de uma tarde. Ah, deixai-me dizer-vos que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos então nem se fala, que olhe com certa maldade inocente. Uma boca fresca (nunca úmida!) é também de extrema pertinência. É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas no enlaçar de uma cintura semovente. Gravíssimo é porém o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras é como um rio sem pontes. Indispensável. Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida a mulher se alteie em cálice, e que seus seios sejam uma expressão greco-romana, mas que gótica ou barroca e possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de cinco velas. Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal! Os membros que terminem como hastes, mas que haja um certo volume de coxas e que elas sejam lisas, lisas como a pétala e cobertas de suavíssima penugem no entanto, sensível à carícia em sentido contrário. É aconselhável na axila uma doce relva com aroma próprio apenas sensível (um mínimo de produtos farmacêuticos!). Preferíveis sem dúvida os pescoços longos de forma que a cabeça dê por vezes a impressão de nada ter a ver com o corpo, e a mulher não lembre flores sem mistério. Pés e mãos devem conter elementos góticos discretos. A pele deve ser frescas nas mãos, nos braços, no dorso, e na face mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferiorA 37 graus centígrados, podendo eventualmente provocar queimaduras do primeiro grau. Os olhos, que sejam de preferência grandes e de rotação pelo menos tão lenta quanto a da Terra; e que se coloquem sempre para lá de um invisível muro de paixão que é preciso ultrapassar. Que a mulher seja em princípio alta ou, caso baixa, que tenha a atitude mental dos altos píncaros. Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que se fechar os olhos ao abri-los ela não estará mais presente com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá e que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber o fel da dúvida. Oh, sobretudo que ela não perca nunca, não importa em que mundo não importa em que circunstâncias, a sua infinita volubilidade de pássaro; e que acariciada no fundo de si mesma transforme-se em fera sem perder sua graça de ave; e que exale sempre o impossível perfume; e destile sempre o embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina do efêmero; e em sua incalculável imperfeição constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.